Ainda não existias e já eras desejada para comigo brincares, porque todos os amigos tinham uma, como se de uma boneca se tratasse. Mas passado o tempo de te pedinchar na minha vida até ao dia em que te vi pela primeira vez e lá estavas tu. Careca, engelhada com marcas de uma viagem atribulada e eu perante a tua fragilidade chorei porque não estava preparada para agarrar no meu bem mais precioso. No dia seguinte enchi-me de coragem e amparada pelos nossos dois pilares peguei em ti e nunca mais te larguei.
Guardo-te comigo em cada pulsar do meu coração.
Vi-te crescer e com esse passar do tempo que já não volta, a melhor das relações foi sendo regada de amor e a maior das cumplicidades. Nem sempre falamos, mas não precisamos, basta saber-te bem. Nem sempre nos damos bem, porque "um teimoso nunca teima sozinho" e a dificuldade em me ouvires por vezes torna tudo mais complicado. Mas ouves, eu sei que ouves, podes não ouvir o corriqueiro mas o essencial sei que entra e que a mensagem chega a bom porto. Tu ouves-me e sentes-me e conheces-me como mais ninguém conhece numa relação que é tão nossa e que vai além do tangível. Revejo-te nas nossas mil aventuras e desventuras, nas nossa mímicas, naqueles serões em que deveríamos estar já a dormir mas que a cumplicidade de momentos tão nossos só crescia.
Olhas-me no outro lado da mesa e lês-me os pensamentos sem que precise de os transformar em palavras. Sabes do que gosto e do que não gosto. Procuras-me e eu procuro-te para aquelas coisas que tanto gostamos de partilhar. Os concertos, aquelas nossas noites, as boleias, as conversas...
Porque sem ti não seria metade do que sou hoje, porque só contigo poderias partilhar os nossos pais, porque somos as duas intransigentes, porque tu és tu e eu sou eu, mas tu és eu e eu sou tu. Ninguém passa por nós nesta vida desta forma sem deixar marcas.
Obrigada minha pedrinha preciosa por fazeres parte de mim.
