terça-feira, dezembro 22

Era uma vez um vaso muito bonito, com umas cornucopias coloridas que reflectiam a luz do sol que adorava estar no parapeito da janela a ver as pessoas e desejar-lhes os bons dias. Mas um dia passou uma ventania naquela rua e deitou abaixo o vaso que se partiu em pedacinhos e durante algum tempo sentiu-se alheio ao que passava na rua, os raios de sol não lhe chegavam a tocar até que um dia pedacinho a ipedacinho iniciou a sua reconstrução. Já não era o vaso de outrora tão bonito de fazer parar qualquer vizinho. Era agora mais um vaso com alguns pedacinhos em falta que ele se esforçava por esconder a quem por lá passava. As suas cornucópias tinham perdido a cor e a sua pintura não brilhava da mesma forma. O vaso fazia um esforço enorme para demonstrar que estava o mesmo de antigamente. Mas ele sabia que no seu íntimo por mais que escondesse a falta de pedacinhos ele nunca mais seria o mesmo, ele próprio não tinha a mesma alegria de falar com todos e de apreciar o calor do sol no seu barro. Que  saudades daqueles dias de sol em que a luz reflectia as cores brilhantes e coloridas dos seus desenhos que o faziam meter o seu melhor sorriso e ter vontade de falar a quem por lá passava. Hoje as pessoas continuam a passar e a achar que o vaso era um vitorioso na sua própria reconstrução sem nunca perceberem que aquele vaso se continuava a sentir em mil pedacinhos agora suportados pela cola mas que cada pedaço colado era uma mágoa no seu coração..

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