Diário de uma agricultora *5

Lá tivemos nós que replantar o nosso tomateiro. Está agora a ganhar nova vida, com mais espaço. Mas a verdade é que continuam a nascer mais babies. Alguém precisa de uns pezinhos de tomate cherry? Nós damos a quem prometer cuidar bem.

Hoje consegui bater o meu recorde pessoal de nojo. Nestes anos enquanto terapeuta já tive cenas bem nojentinhas, na maioria mantive-me bem digna, mesmo quando um miúdo me vomitou nos pés. Mas hoje, hoje foi de me conter, não respirar, olhar sem ver, a única coisa que passava nesta mente era, "faz isso pela saúde da senhora que tens à frente". Tive que fazer um esforço do tamanho de 25389 galáxias para não mostrar o reflexo de vómito, que bem que andou e ainda se revela quando penso nisso.

Ca nojo!!!

Não vou descrever o que foi, vou poupar até mesmo os insensíveis, mas chiça. Hoje desejei ter ido para matemática analítica.

Já aqui coloquei esta música antes, mas como este blogue é meu aqui fica outra vez, porque é uma das canções mais bonitas de todo o sempre. 

Mais-que-metade, anda comigo ver os aviões?!

Fogo. Não acredito que não haja um único sítio em Lisboa e arredores com aulas de ballet para adultos depois das 20h?! Estava com tanta esperança tal como uma das ex-quase-companheiras-de-ballet disse, já me estava a ver a comprar o maillot, as collants e as sapatilhas, o tutu esse dispenso. 

Porque será que me vem sempre à cabeça a little sis quando penso nesta palavra?!Eu até sei mas isso dava um post. 

Mas eu queria tanto encontrar um sítio...

É tudo antes das 20h, bem sei que a maioria sai cedo ou tem flexibilidade de horário, mas e eu? Também quero!!

Eu não sou pessoa dada a futebol, mas hoje sofri e de que maneira. Nunca concordei tanto com o Cristiano Ronaldo como "injustiça".

Inverno foi chuva e frio e tudo o que há direito. Primavera nem vê-la. Verão é de caixão à cova.

Os senhores das finanças, ou melhor, os senhores que ditam as regras são uns grandes filhos-da-mãe.

Ao que parece já existia mas eu ainda não tinha sido bafejada pela sorte de receber em casa uma carta de "pagamento por conta de irs". Este prémio nada mais é do que um empréstimo que estou a dar ao estado faseado em Julho, Outubro e Dezembro com a módica quantia de 139€. Os senhores fazem uma estimativa dos meus rendimentos e como gostam muuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiittttttttttttoooooooooooo de mim e para que não pague muito de irs para o ano. São uns verdadeiros fofos e obrigam-me a pagar este valor para que no próximo ano se reduza isto no meu IRS e eu não sofra penalização tão grande.

Só podem estar a brincar comigo?!

Andava eu a querer acreditar no sistema e que face às minhas despesas eles pela primeira vez me iriam dar algo, já não sei se acredito. Mesmo que o cheque chegue é caso para dizer, "dão de um lado e tiram do outro", ainda por cima à descarada. Ainda para mais face ao que eu desconto os senhores fofinhos deviam-me banhar os pés em ouro pelos imensos empréstimos que lhe dou.

E faltam dois meses e 4 dias para aqui estes dois meninos estarem de férias. 

Depois da prainha ontem, já começa a cheirar a férias e que bem que cheira.

Ontem a caminho da minha aula de hidro, vi algo que ainda hoje revejo graças à minha espectacular memória fotográfica. Junto a uma passadeira um casal, ligeiramente mais velho que eu partilhavam uma ternura como raramente se vê. Ele bem mais alto que ela e ela de cabeça sem vestígios de cabelo. Certamente cancro. Mas o que gostei realmente foi de o ver a abraçar e a sorrir para ela de uma forma tão carinhosa que para ele era claramente indiferente o que cobre o couro capilar da sua mais-que-metade. É tão bom ver coisas assim. Aparentemente pode nada ter de especial, mas para as raparigas o cabelo é algo importante. Lembro-me de quando há dois Verões cortei o meu de às tantas achar que tinha perdido a feminilidade, pode ser bicho da minha cabeça, mas ainda agora hesitando novamente por corte semelhante rapidamente me demovi quando me lembrei disso. Por alguma razão desde pequeninas que somos habituadas a lavar, tratar, escovar e apanhar o cabelo sempre para andarmos bonitas.

E para mim uma mulher sem cabelo devido à doença tem quase o mesmo impacto que uma amputação. Sim, cresce eu sei. Mas durante aquele período a pessoa perdeu um pedaço de si porque foi forçada a isso. E ver a ternura daquele casal foi maravilhoso.

Certamente que não lêem isto, mas caso isso por alguma razão aconteça, parabéns a vocês pelo exemplo. 

Formigando ou complicando?!

Há dias em que parece que as pessoas surgem no meu caminho para me colocarem questões e me deixarem a pensar. Há dias em que eu própria faço o especial favor de o fazer a mim mesma sem precisar de outras ajudas. Mas todas as questões vão dar ao mesmo. O rumo que quero dar na minha vida. 

Se me perguntarem se me sinto realizada? Eu poderia dizer que a todos os níveis da minha vida. 

A profissional por vezes tenho dúvidas, mas tendo em conta a conjectura actual não poderia dizer o contrário. Parece mal, tenho trabalho. Mas na verdade é a velha história. Os casos que tenho actualmente até são bastante desafiantes, não todos e ainda bem, mas alguns que são verdadeiros bicos de obra. Como alguém me dizia hoje, "mesmo que não resolvas isso, já percebi que queres saber o que é", alguém me disse face a um desafio. Mas, sei lá. Eu sei que não existem vidas perfeitas. Há sempre isto ou aquilo que mudávamos. Eu por exemplo gostaria de sair um pouco mais cedo, nem que fosse uma horinha. Porquê? Porque a vida é completamente diferente quando se sai às 20h ou às 19h. Deixaria de existir o super a correr, fazer o jantar a correr, para depois se trabalhar um pouco em casa ou fazer algo da casa mesmo, para depois se tomar banho a correr e "bolas já é tardíssimo", deitar a correr para dormir a correr que amanhã é dia de levantar cedo. 

Como solucionar isto? Não sei. Não posso pedir porque posso perder "tudo". Perder "tudo" pode ser mau? Claro que pode. Eu gosto da minha vida confortável. Mas se já assim sou um poço de stress armada sempre em formiguinha. Sei lá o dia de amanhã. E se um de nós fica sem trabalho? E se um de nós fica sem dinheiro? E se um carro se avaria? Face a isto resta-me continuar a trabalhar como até à data, torcer para que haja sempre trabalhinho como até agora para poder ser a formiguinha do costume preparada para os invernos.

Mas eu gosto tanto do verão...

E gostava tanto de trabalhar em...

E gostava de poder ter horário para fazer...

Porra!! Vou deixar de carpir sobre a minha vida e adoptar o estilo português de "ao menos tenho trabalho" (abomino esta frase com cada cm de entranha do meu ser).