sexta-feira, dezembro 12

Infância de Rua




Ontem o Dr. Daniel Sampaio comentava no RCP o facto de as crianças actualmente não terem a sua criatividade tão desenvolvida como há uns anos atrás. Referiu até que qualquer dia não existirão mais cientistas devido ás facilidades que as crianças tem em obter tudo que querem com um simples clique num botão...é a televisão, o computador, todas as consolas e brinquedos electrónicos.

Eu sou já da década da tecnologia e como é óbvio as vantagens da mesma são mais que muitas. Mas sou também do tempo (estou mesmo velha) em que se brincava na rua! Quem não se lembra de chegar da escola e ir lanchar a correr para ir para a rua brincar! Brincar somente, com toda a inocência típica da idade.

Era o jogo da macaca, as escondidas, a mamã-dá-licença, o jogo do elástico, andar de bicicleta e tantos outros jogos. Em jogos não estruturados como os referidos a criatividade era a reinante das brincadeiras. Recordo-me agora de como os vizinhos de rua brincarmos ás lojas, em que com as loiçinhas de brincar cozinhávamos comidas com ervas e flores apanhadas na rua e nos canteiros das vizinhas (esta parte é segredo!). Hoje em dia o mesmo não se passa, já não se brinca na rua, já não se apanham ervas/flores para se brincar, existem no mercado brinquedos a imitar alimentos...para quê inventar?! Lembro-me também de mesmo com uma casa da Barbie, inventar camas para as bonecas com cassetes de VHS a fazer do colchão, os panos de cozinha surripiados para fazer de cobertor e tantas outras invenções. Hoje já existem casas modernas para as bonecas, com todos os acessórios e mais alguns...para quê inventar?! Eu sempre tive (com muita sorte minha) tudo e mais alguma coisa para as Barbies, Pinipons e até mesmo para as Barriguitas, mas nem por isso deixei de inventar sempre algo mais para adoçar as brincadeiras. Não digo com este post que se deva fazer frente à evolução dos brinquedos, acho que as crianças hoje em dia têm sorte pela variedade de brinquedos que podem encontrar. Mas não tem o mesmo brilho, o mesmo gozo! A evolução que tem muita coisa de bom e que está instalada nos brinquedos, facilita demasiado as brincadeiras e impede a expansão da criatividade. Creio por isso, que tenha tido uma infância feliz, pois apanhei a fase de mudança na tecnologia, tendo tido acesso à boa infância de rua e a tudo de novo que aparecia de "gadgets".

Que saudade boa a de estar a brincar na rua até a mãe chamar para jantar e chegar a casa toda esfolada. Não era de todo, maria-rapaz, era até muito menina, mas os joelhos sempre com crostas e nódoas negras eram algo de comum em quem teve uma infância feliz!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ohhh...as saudades que este post revelou em mim! Saudades dessemesmo tempo em que podia brincar na rua à vontade!! Eu que não gostava nada de brincar com bonecas...eram as brincadeiras de rua que me animavam!

Não que eu não tenha gostado quando mais tarde apareceram os jogos de video, mas não era a mesma coisa, na rua as brincadeiras eram mais de grupo e mais dinâmicas...entre algumas asneiras (eramos um grupo um pouco terrível!).

Os joelhos marcados são algo em comum, acho que é mesmo inevitável!!!

Bjinhos***