terça-feira, março 31

Como é possível que estes três não acordem com um despertador que mais parece que é uma banda a dar um concerto em cima de nós?! Agora já percebi como é que ele adormece a maioria das vezes. Basta que o despertador tocar incessantemente e nem ele e nem mesmo os conguitos acordem...olha que três.

Diário de uma orca 6

Como explicar ao meu cérebro e acima de tudo ao meu coração que aquela pessoa já não está fisicamente? Como conseguimos enfrentar a ausência repentina daquela nossa pessoa de repente para toda a eternidade? Como se vive com uma saudade que nunca será vencida? Como se vive depois de tudo isto? Como se ganha vontade de enfrentar a vida e o que de bom nos há-de trazer quando já nos foi tanto tirado? Como? Como é que isto poderia ter acontecido?
Há quase um mês que não lhe ligo para a nossa conversa corriqueira diária. Há quase um mês que sinto um vazio imenso e me sinto em constante queda livre. Há quase um mês que perdi a capacidade de dar uma boa gargalhada...

domingo, março 29

Diário de uma orca 5

Angústia. Inquietação. Saudade.
Baque no estômago quando ao ver as fotografias me apercebo que o meu pai já só existe na minha cabeça.

sexta-feira, março 27

Diário de uma orca 4


Since you've gone
Nothing seems to fit no more
Nothing's as it was before

Everyday
Is a battle that I just can't win
I know I won't see you again

But I keep waiting for the night
I close my eyes and hope you'll find me sleeping

'cause in my dreams
We can spend a little time just talking
In my dreams
We're side by side just walking

Oh, I think of the times we used to know
The places we used to go
Are still there
In my dreams
On the front of the crossbar of your bike
We can go anyplace, anywhere you like
In my dreams

And as hard as it seems
'Til then I'll wait
To see you again
In my dreams

Don't you wake me up
I don't wanna go nowhere
I've been waiting for a zillion years

You're gone too soon
I know I'll never get the chance
To say the things I never said

But I keep waiting for the night
I close my eyes and hope you'll find me sleeping

'cause in my dreams
We can spend a little time together
In my dreams
We're side by side just walking

Oh by the pier that we used to know
The places we used to go
Are all still there
In my dreams
On the front of the crossbar of your bike
We can go any place, anywhere we like
In my dreams

And some place when i feel we'll fade away
'Til then I'll wait
To see you again
In my dreams, again
'cause I'll wait, I'll wait
To see you again
In my dreams

I'll see you again
In my dreams

Diário de uma orca 3

Aquele dia que tanto temia aconteceu. Eu sabia...tendo a colega de férias eu já sabia que ia haver um pedido para eu ir ver um doente à uci. Pensar na palavra UCI é pesado, remonta à pior das recordações...máquinas, barulhos, olhar para os valores do meu pai e nunca ter visto nada assim em alguém que aparentava estar vivo mas que eu sabia de antemão que já não estava ali...apenas o bater do coração o fazia ali estar. Pois a colega queria que eu deixasse o doente para quando ela voltasse mas eu tenho uma responsabilidade e algum dia teria de enfrentar tudo aquilo. Como se não bastasse era um doente de apenas mais dois anos que meu pai que tinha dado uma queda numas escadas bêbado e que tinha feito um tce grave..tantas semelhanças (excepto a bebedeira). Lá fui...enchi-me da coragem que tinha e não tinha, respirei fundo e enfrentei o mundo. Foi difícil e fiquei gelada mas cumpri o meu papel e segunda lá terei de voltar. Sorte do camandro.
Animou-me ir a seguir ver de um bebé de 5 meses que me dá novo fôlego...coisa mais fofa!

quinta-feira, março 26

Diário de uma orca 2

A quem se pergunta e me pergunta como estou? como ando? 
Pois que vou andando um dia de cada vez, benzinho na realidade.
Mas no fundo, eu estou a atravessar uma fase (que diz quem sabe ser normal) de total incapacidade de sentir o que quer que seja. Não sinto nada. Não me sinto triste, não sinto mágoa...nada! No sítio onde tinha o coração vive um buraco negro que me suga a cada instante toda e qualquer capacidade de sentir. Nem mesmo quando os meus conguitos me estrilhaçam umas das sabrinas favoritas senti o que quer que seja, obriguei-me a ralhar com eles e mantive-me na minha. Torço fortemente pelo dia que volte a sentir e pelo dia que possamos voltar a viver em vez de sobreviver.
Melhores dias virão.

Diário de uma orca

Por "orca" entenda-se que é o equivalente a orfã...essa minha nova e odiosa condição. Não me sinto orfã de pai, pois o meu pai ainda está muito presente como tal a palavra mais semelhante "orca".
Como tal este será o meu diário, o meu expurgatório, a minha melancolia, o meu tanto e nada que será sobre a pior fase que alguma vez pensei passar.

Lembro-me até à relativamente pouco tempo, três semanas e um dia mais precisamente que se me perguntassem qual um dos meus maiores medos eu diria "envelhecer" e não era tanto por poder ficar velha, era sim porque se eu envelhecer também os meus pais envelhecerão e com isso poderia vir a perda de um deles, um dia. Pois que a vida me pregou a maior rasteira e ainda me passou com um cilindro por cima e de repente esse medo já não existe, porque sem ter tempo para envelhecer perco o meu pai da forma mais inesperada possível. Por isso, preocupações para quê?! 
Vivamos a vida intensamente, hoje estamos aqui amanhã sabemos lá.

quinta-feira, março 19

Palhaça em combustão

Isto de ser terapeuta é muito giro e eu realmente gosto do que faço, mas ter que mostrar que estou bem e que nada me abala é o que me tem esgotado mais. Além da falta de energia como seria de esperar nesta nova fase sinto que o que tenho e o que não tenho me é sugado de cada vez que planto o meu sorriso habitual e tento transparecer a minha boa disposição como o faria anteriormente a tudo isto. E isso, drena-me a cada sorriso, a cada ar que faço de fresca e fofa. Se já antes achava que ser palhaça era esgotante neste momento é dilacerante. Não que eu sinta vontade constante de lamber as feridas e de carpir as mágoas, mas o facto de ter que mostrar o oposto de que estou optimamente bem embora o meu mundo esteja às avessas e que "não se preocupem continuo igualmente fofinha e super profissional" destrói-me e corrói ainda mais na ferida aberta que trago comigo.