Desço pela praça da alegria e vê-se uma vez mais a feira de artesanato "Feira da Alegria", que muitas das vezes é um luxo poder-se aceder aquelas peças. Do outro lado vejo cobertores e retalhos de tecido estendidos sobre uma cerca no mesmo jardim, como quando se metem os cobertores a arejar na janela de nossa casa. Mas desta feita não percebo de onde apareceram aqueles cobertores. Andando um pouco mais vejo os sem-abrigo. Hoje a casa deles foi invadida pela feira das vaidades, mas nem por isso deixam de levar as suas vidas. Vidas que são indiferentes a quem passa e quem preferem olhar para as peças bonitas expostas do que para a realidade da decadência humana.
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